domingo, 2 de dezembro de 2012

Posts do Capítulo 4 - Viagem Sem Volta

(...) “Como o senhor está pai?”. “Bem melhor meu filho” ele respondeu meio cansado. Eu continuei: “Queria pedir desculpas por ontem. Sei que lhe magoei expondo o estava se passando comigo. Devia ter pensado na sua saúde antes de tudo”. Ele me olhou profundamente, e disse: “Eu não quero te ver jogado nesse mundo feito cão sem dono Bruno. Eu te amo filho, eu te amo, te amo muito, demais. Você pra mim é um ídolo. Eu te admiro muito, você é determinado, estudioso, batalhador, sonha alto... você é exemplo de muitos jovens aí fora. As pessoas desse bairro te admiram, te adoram, sabem quem você é. Seu sonho não pode ser interrompido desse jeito, você tem que continuar a persistir nele até alcançar. E eu sei que você vai alcançar. Não me dá desgosto agora no fim da minha vida, meu filho, por favor,”. As lágrimas que saiam dos seus olhos e as palavras comoventes me deixaram comovido, cai no choro e abracei-o firme, intenso. Ficamos abraçados por muito tempo, até nos acalmarmos. (...)
(...)
(...) Foi a partir daí que eu comecei a abandonar tudo de uma só vez. Achava que nunca, nada tinha mais jeito na minha vida. O único jeito pra me consolar era mergulhar no mundo das drogas e me afundar de vez, sem olhar pros lados, sem nunca olhar pros lados. E foi isso o que exatamente aconteceu. Procurei Carlos e Leandro pra me darem drogas e eles me deram. Pagaria ao Carlos satisfazendo os desejos do Leandro. A primeira vez que nós transamos, o Leandro gostou e quis mais, na segunda foi melhor, pra ele, pra mim era sem graça, só tinha graça quando a ereção saia dava um prazer e eu não pensava mais naquele viado, pensava na Doralice. Pra pagar as drogas que eu usava tive que me prostituir. Acha que me prostituir pra satisfazer desejos de mulher? Engano. Prostituir-me pra satisfazer os desejos dos homens que gostavam de comer viado. Foi isso o que me tornei, um homossexual.Passei a me infiltrar em gangues pra roubar bancos, extorquir pessoas, assaltar gente pobre e rica, ambas indefesas. Pedi pra Doralice abortar o filho, ela não queria, pois a criança já estava desenvolvida, ela estava no sexto mês de gestação e não tinha mais jeito mesmo. Ela continuou com a gravidez, mas sem mim, porque eu a abandonei. E não foi só ela que eu abandonei. Desistir dos meus sonhos, abandonei minha casa e fui morar com o Leandro — ele mora sozinho, já é independente, se sustenta com as drogas que vende e com as noitadas nas orlas — abandonei meu pai e meu irmão, fingi que nunca existiram pra mim. Passava 24 horas fumando drogas no quartinho que o Leandro conseguiu pra mim, não parava pra comer. Perdi 10 quilos, estava osso puro, já não era muito gordo mesmo. Estava irreconhecível. Não era mais o Bruno Santos, o cara sonhador e batalhador do Pelourinho, era o Bruno Santos, drogado e jogado no mundo feito um cachorro sarnento. (...)

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