quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Posts do Capítulo 7

(...) Eu sou o empresário de um time de futebol muito famoso. Andei sabendo sobre sua vida por um grande amigo seu. Ele contou-me sobre sua trajetória de vida, sobre os seus sonhos, suas ambições, contou-me tudo o que eu precisava saber.
─ Saber pra quê? ─ eu indaguei.
─ Quero lhe fazer uma proposta irrecusável. Você aceita fazer um teste pro nosso time?
─ Teste pra quê? ─ interroguei.
─ Teste de habilidade. Se a direção achar que você é bom mesmo como os outros dizem, nós vamos lhe dar uma chance no time corintiano. O que me diz da proposta?
A notícia foi se digerindo aos poucos em mim até que eu acreditasse naquilo que tinha ouvido. Parecia um sonho. Aliás, é um sonho e esse sonho está quase se realizando, basta eu querer. “E agora?” perguntei-me. E continuei em minha mente: “O que é que eu faço? Eu continuo nesse mundo ou resolvo recomeçar a vida?” Lembrei que tinha prometido a meu pai se eu largasse o mundo das drogas ele iria aceitar minha ajuda pra se curar. O meu sonho agora falava mais alto e eu decidi aceitar a proposta daquele homem. (...)
(...)
(...) ─ Bruno Santos de Almeida. Pode se considerar integrante do time! Você foi aprovado!
Fiquei extasiado, pulei de alegria, soltei gritos de felicidade. Vi meu sonho, enfim, ser realizado naquele momento. Tinha que tirar uma foto pra registrar aquela vitória. Pedi pra um juiz tirar uma fotografia comigo e com os outros jogadores do time.
Dias depois assinei o contrato e comecei a jogar numa partida em São Paulo contra o Vasco. Naquele ano anunciava em todos os jornais do mundo o novo meio-campo do Corinthians, Bruno Santos. Já estava conhecido em todo o mundo por causa daqueles noticiários. Fiz meu primeiro gol contra o Vasco. A arquibancada vibrou de alegria. Meus colegas me abraçavam e diziam no meu ouvido que eu era o craque do time. O time adversário fez outro gol e ficou tudo empatado. No segundo tempo, viramos o placar e ganhamos a partida. Naquele jogo, minha alegria maior foi ver que no meu primeiro jogo eu tinha deixado a torcida corintiana feliz e orgulhosa com os meus dois gols fascinantes. (...)
(...) Não esperava encontrar meu pai num hospital público, deitado numa cama, no quarto de UTI esperando a cirurgia. A aparência dele estava mais gasta, mais velha. Estava mais magro, mal o alimentavam, os seus ossos se definiam claros na face. Aquela doença acabou com a exterioridade do meu pai. E a interioridade também. Tião parecia mais amargo, indisposto e infeliz. Não era mais aquele homem de cinco anos atrás, feliz e saudável. Era um homem acabado, impotente e depressivo. Tião estava ao ápice do desfalecimento. Eu já sabia que ele não ia aguentar muito tempo. Minha persistência e determinação falaram mais alto e eu decidi ajudá-lo. (...) 
(...) “A minha vida acaba por aqui, filho!”. Foi essa frase que ele disse para mim apertando bem forte minha mão. Eu senti o que aquelas lágrimas representavam e disse ainda com a mão sobre a dele:
─ Você vai suportar essa barra pai. A cirurgia acabou, agora você está livre desse câncer. Lembra que eu prometi a você que eu daria a nossa família um futuro melhor? Então. Vou cumprir minha promessa, pai, e nós vamos viver felizes, muito felizes daqui por diante.
─ Ainda se recorda que prometeu que iria largar as drogas?
─ Recordo-me sim.
─ Você prometeu e cumpriu.
Você, filho, é um homem de palavras, cumpriu o que prometeu e hoje está liberto do mal. Eu fico muito feliz de ver que você conquistou seu tão esperado sonho, hoje você é um grande jogador de futebol. Parabéns filho! Continue assim. Continue levando felicidades a todos os cidadãos do Brasil. Mostre aos jovens de hoje que é possível vencer as drogas e que é possível viver a vida sem elas. Promete mais uma coisa pra mim.
─ O que você quiser pai. Fala.
─ Promete que vai cuidar do seu irmão por mim. Promete que nunca vai abandoná-lo. E mais uma coisa: você vai reconstruir as pedras quebradas que existem do amor entre você e Doralice. Agora, meu filho, vocês tem um filho juntos e esse filho é atração que vai juntar vocês dois novamente.
─ Não morre pai.
─ Tá chegando minha hora filho. Você sabia que eu não ia aguentar por muito tempo. Sabia que um dia eu ia deixar esse mundo.
─ Me perdoa por tudo o que eu fiz você passar, me perdoa.
─ Jesus perdoou tantas vezes, né meu filho? Porque eu, um pai tão amoroso, tão dedicado a vocês não poderia perdoar também? Tá perdoado sim. Estou indo filho, fica com Deus. Saiba que eu te amo. E onde eu estiver estarei olhando pra vocês, sempre!
Observei o eletro encefalograma, os níveis de batimento cardíacos estavam oscilando. Por fim, meu amado pai morreu, bem ali na minha frente, com as mãos ainda seguras as minhas. Comecei a chorar e a pedir que ele não fosse embora. Ele fechou os olhos e partiu. Eu chorava desesperadamente e inconsoladamente. (...)
 

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