(...) Quando a gente se despede de uma pessoa e parte pra longe, parece que
nunca mais iremos ver essa pessoa, ou morrerá ou irá embora sem deixar
notícias. Foi essa sensação quando abracei Doralice. Pensei comigo mesmo dentro
do avião na ida a Espanha: “Será que ela
vai me abandonar? Será que nunca mais verei minha amada?” Disse comigo
mesmo: “Para de pensar nessa bobagem,
Bruno. É claro que você vai ver a sua amada. É só um ano longe. Quando voltar
ao Brasil vai casar e vai ter outro filho com ela”. Infelizmente não foi
bem isso o que precedeu. Fiquei dois anos fora, sempre mandando notícias e
sempre pedindo que Doralice esperasse por mim que iria voltar para casar com
ela. Passou mais um ano e nada de voltar. Eram muitos jogos e já estava
envolvido naquilo. Ganhava dinheiro a farta, dinheiro que compraria o Universo
se possível fosse. (...)
A carta:
“Bruno”.
Sei que partir foi difícil, mas essa escolha foi a mais sensata. Você
prometeu que iria voltar em menos de um ano. Prometeu e não cumpriu. Assegurou
que voltaria pra se casar comigo e ter outro filho. Prometeu milhares de coisas
e nada se cumpriu. Sabe por que nada se cumpriu? Porque você deixou que a fama
e o dinheiro falassem mais altos, se deixou levar por devaneios e ilusões da
vida. Tudo que você viveu no passado com as drogas passou, e tudo o que você
está vivendo hoje com a fama também vai passar, porque tudo isso é refugo. Você bem sabe disso, estudou a
palavra de Deus quando jovem; frequentou a igreja e leu na bíblia que tudo o que há no mundo é
refugo, é lixo. Ainda a tempo de voltar atrás e refazer sua vida. Eu voltei
para Bahia refazer a minha vida e sei que não vou perder nada com isso. Nosso
filho vai ser bem cuidado, garanto! Quando der ligo pra saber notícias. Sem
mais é só isso. Espero, amorosamente, que você acate o conselho dessa carta.
Saiba Bruno, que não foi qualquer pessoa que escreveu essa humilde carta, foi
uma pessoa que lhe ama e lhe quer bem eternamente! Beijos e abraços! Fica com
Deus!
“Doralice.”
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